Os
empreendedores e a cultura gerencial.
Com frequência temos observado posturas culturais de
empreendedores.
Ocorre que essa observação nos permite comentá-las
nos seguintes sentidos.
Uma delas é quando observamos novos empreendedores
iniciando atividades empresariais.
Naturalmente não é possível generalizar, mas em um
bom número de casos o novo empreendedor lança-se ao novo projeto com muito
pouco ou quase sem nenhum planejamento do negócio.
Inicia as atividades e vai se posicionando de acordo
com o acontecimento dos fatos.
Nesses casos é possível observar pouco uso, ou quase
nenhum um estudo das necessidades financeiras do negócio, estudo de aspectos de
mercado, da concorrência, ou mesmo da localização do negócio.
É natural que quando um negócio inicie sua vida com
características dessa natureza a chance de enfrentar dificuldades é
significativa. Na atualidade no Brasil
até por causa do forte movimento de desemprego atual temos assistido um
movimento significativo de inicio de novos empreendimentos.
Mesmo contando com poupança e até com valores
resultantes das rescisões de contrato de trabalho pecam pelas deficiências que
comentamos anteriormente.
O mau momento da economia brasileira fez do
empreendedorismo a opção de muitos profissionais que perderam seu emprego.
A taxa de empreendedorismo no país, medida pela
pesquisa internacional Global Entrepreneurship Monitor, foi de 34,5% em 2014
para 39,3% no ano passado.
O relatório estimou que haviam 52 milhões de
brasileiros envolvidos com uma atividade empreendedora no ano passado.
Outro dado que foi fortemente impactado foi a taxa
de empreendedorismo por necessidade (aquele que não é baseado na descoberta de
uma oportunidade, e sim por ser a alternativa que a pessoa tem para ter renda
no momento), que cresceu principalmente na categoria dos empreendedores
nascentes (com até 3 meses de negócio no momento da realização da pesquisa).
Nesse grupo, ela foi de 13% para 36%.
A pesquisa é feita no Brasil pelo Instituto
Brasileiro da Qualidade e Produtividade (IBQP) e conta com apoio do Sebrae.
Ora uma situação como essa que foi comentada acima
bem mostra a probabilidade de pouco uso de planejamento para apoiar o inicio
dos novos negócios.
Nesse contexto o que se observa é uma dificuldade de
adequação da postura do empreendedor no sentido de retomar práticas de gestão
que irão proporcionar maior segurança na evolução da empresa.
Já no convívio com pequenas e médias empresas que
operam há algum tempo, também, é perceptível a dificuldade de uma cultura
organizacional adequada às praticas de gestão.
Isso dificulta o processo de decisão ou até mesmo,
no fato da empresa ter que se mostrar no mercado, tanto para fornecedores como
para bancos ou mesmo investidores, por exemplo.
Um exemplo bem marcante dessa situação é empresas
que buscam a oportunidade de identificar investidores ou até mesmo de se
oferecerem à venda e, não dispõe de informações gerenciais suficientes para
mostrarem a empresa, seu potencial e desempenho.
Observamos que fica tudo em um ambiente muito
superficial.
E, quando se recomenda o uso dessas praticas, são
poucos os casos que admitem que devem melhorar ou mesmo mudarem o atual estilo gerencial
da empresa.
Assim, a dificuldade ou resistência de um estilo
mais profissional ao tocar os negócios não é somente dos novos
empreendedores. Observa-se, também,
dificuldades quanto à cultura gerencial em alguns empreendedores que já vem
tocando há um tempo seus negócios.
Lamentável é que os empreendedores só vão perceber essa
deficiência quando estão em situação de exigência instantânea em decorrência de
uma oportunidade de negócio que está se apresentando.
Econ.
José Luiz Amaral Machado
Diretor
da Gerencial Auditoria e Consultoria S/S – Porto Alegre (RS)