domingo, 24 de agosto de 2014

Observações sobre o estado da nossa economia.

Observações sobre o estado da nossa economia.

Por José Luiz Amaral Machado (*)

Porto Alegre, 24 de agosto de 2014.

Temos assistido medidas do governo quase que desesperadas e ao mesmo tempo entendemos conflitantes entre elas para tentar empurrar uma reação em nossa economia.

Uma das posições do governo é insistir no estímulo ao consumo.

Na última semana o governo federal anunciou mais um pacote nesse sentido através da ampliação ao crédito. Aí foi incluída a liberação de recursos de depósitos compulsórios – dinheiro das instituições financeiras que fica retido compulsoriamente junto ao Central - passando por medidas para desburocratizar a concessão de financiamentos e até mudanças na legislação para facilitar a execução de garantias.

Esse é mais um conjunto de iniciativas do governo federal com o propósito de incentivar o brasileiro a ir às compras.

Essas iniciativas já se tornaram uma obsessão sempre na tentativa de estimular a ampliação da demanda.  Acontece que no momento atual é identificável que esse modelo já não está mais funcionando dado ao singelo crescimento econômico para esse ano, cujas estimativas apontam para um patamar inferior a 1%.

Sim é verdade que há uns anos a uma das forças de evolução da economia brasileira foi sim o consumo do mercado interno.

Entretanto, no momento assistimos o Banco Central agindo com a elevação da taxa de juros da nossa economia que saiu de 7,25% ao ano em março do ano passado, para os atuais 11%, e isso para combater a inflação a qual tem mostrado sinais de forte resistência.

Com a retomada de estímulos ao crédito o governo tenta atenuar o efeito forte da medida relativa aos juros adotada pelo Banco Central.

Ocorre que a desaceleração da tomada de crédito que esta em andamento não está associada à falta de recursos disponíveis para serem emprestados.

Existem fatores que são fortes influencias nesse sentido, por um lado os bancos estão mais cautelosos levando em conta o risco pela inadimplência.

E, por outro lado, os tomadores estão relutantes em contrair novos empréstimos, principalmente considerando as taxas de juros atuais e para isso leva em conta o atual grau de endividamento das famílias, o que já se aproxima de 50% da renda disponível.  Assim mais disponibilidade de recursos não irá contribuir para provocar uma reação positiva na economia.

Penso que seria importante o nosso governo pensar em outras linhas de ação para buscar uma evolução mais interessante e continuada da nossa economia e naturalmente com reflexos à nossa sociedade.

Entre essas ações levanto como pontos que poderiam ser considerados:

-- Estimular a nossa indústria na busca de produtividade;

-- Apoiar fortemente as ações de inovação e com isso estaríamos tanto apoiando nosso sistema de ensino e pesquisa dando impulso a produtividade do nosso setor industrial;

-- Deixar de fazermos promessas no sentido de atualizarmos nossa infraestrutura para efetivamente promovermos concretamente ações nesse sentido e de preferência com apoio de investidores;

-- Não esquecer que educação não se faz com promessas e sonhos vazios e sim com planejamento e atitudes objetivas e mais, são projetos de longo prazo e não devem ser alterados pelos governos de plantão;

-- Nossa carga tributária e a burocracia que pressiona com o risco de morte o nosso sistema empresarial têm de ser urgentemente atacada até para irmos ao encontro de ganhos de produtividade.

-- Sem querer estender mais, destacamos com urgente eliminar ações do tipo do Decreto 8243 proposto pelo Executivo, que sem dúvida atinge em cheio a confiança da nossa sociedade sem falar no meio empresarial tanto nacional como em possíveis parceiros internacionais. 

Mas como quer o governo que uma economia ande e evolua com tanta insegurança e atos inadequados de gestão?

(*) Economista da Gerencial Auditoria e Consultoria de Porto Alegre (RS)

quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"O desafio empresarial da longevidade"

O presente material trata de um tema que mesmo tendo sido abordado em setembro de 2012 consideramos extremamente atual.

Tanto pela importância no sentido de alertar sobre aspectos que apoiam o bom desenvolvimento das empresas como pela nossa vivência como profissionais em consultoria junto a empresas tanto aqui do Rio Grande do Sul como fora do Estado.

Essa confusão e até digamos deficiência de conhecimento de conceitos concluímos que divulgá-lo novamente é extremamente válido.

Trata-se de matéria de autoria do nosso colega economista Humberto Dalsasso de Santa Catarina o qual é, também, consultor empresarial.

Assim, sob sua autorização divulgamos esse artigo o qual achamos um pérola.

"O desafio empresarial da longevidade".

Por Humberto Dalsasso (*)

Na normalidade, assim como o ser humano – que nasce, cresce e morre, com idades diferenciadas, as empresas nascem e tendem a crescer e a morrer, embora desejem e possam perpetuar-se. Portanto, há um Ciclo de Vida Empresarial (CVE) até bem caracterizado. 

Mas o fato de a maioria das empresas morrer antes de dois anos de vida é determinístico? Não. Então, por que isto ocorre?

Muitas são as razões.

Desde a falta de adequado Planejamento do Negócio até a falta de aptidão para conduzir o empreendimento, além de eventuais fatores externos determinísticos.

Não entrando aqui nos detalhes da análise do Ciclo de Vida Empresarial como um todo, em que se percebem as semelhanças e diferenças com o Ciclo de Vida Humano, vamos nos ater a um aspecto importante da longevidade  e da perpetuidade empresarial:

A Institucionalização Organizacional.

Esta variável é o condimento/nutriente essencial para a longevidade e até para a perpetuidade empresarial, com grande destaque para as empresas familiares.

Embora pareça simples,  institucionalizar a  organização é uma tarefa que exige paciência, persistência, compreensão, sabedoria e liderança. 

É, portanto, uma missão complexa.  

A Organização e a Instituição devem viver em harmonia e evolução constante para atingir a perpetuidade. Para melhor entender a complementaridade e as diferenças entre essas duas entidades parceiras, é indispensável entender seus  conceitos. Dentre os diversos, aqui destacamos os  apontados por Salznick.

ORGANIZAÇÃO – Instrumento técnico e racional  utilizado para canalizar a energia humana e os recursos materiais na busca dos objetivos pré-fixados, cuja sobrevivência depende exclusivamente de sua capacidade de atingir os resultados e de adaptar-se às mudanças ambientais para evitar a obsolescência técnica. É uma ferramenta e, como tal, gasta e acaba”(Salznick, Philllip). 

Portanto, em sua vida operacional, a empresa é uma Organização.


INSTITUIÇÃO – “ É um organismo vivo, produto de necessidades e pressões sociais, valorizada pelos seus membros e pelo ambiente, portadora de identidade própria, preocupada não somente com os lucros ou resultados, mas com sua sobrevivência e perenidade, e guiada por um claro sentido de MISSÃO”.

O termo Instituição é usado para definir padrões de comportamento, práticas ou processos que se mantêm estáveis, válidos e constantes em um determinado grupo social.

As instituições são organizações que incorporam normas, valores e princípios considerados valiosos para seus membros e para a sociedade.

Assim, as Instituições vão além das organizações instrumentais.

Resumindo, comparativamente, a “Organização é um sistema socio-técnico destinado a otimizar meios para realizar objetivos”, enquanto a “Instituição é um sistema organizacional de padrões sociais relevantes, observados pela sociedade”. Simplificando, a Organização é o Corpo e a Mente e a Instituição o Espírito ou a Alma. São entes distintos mas, quando evoluídos, são integrados.

Pragmatizando, enquanto a Organização se preocupa com a estrutura, o processo, os programas, objetivos e metas, a Instituição se preocupa com os Condicionantes Estruturais(Crenças, Valores e  Princípios) e com os relacionamentos, com Missão, Responsabilidade e Ética claramente definidas, inseminados, alinhados e aceitos pelas pessoas(internas e externas) que integram a Organização, inclusive clientes.

Assim, além dos aspectos operacionais, Visão, Missão, Objetivos, Metas, Crenças, Valores e Princípios são elementos indispensáveis para a longevidade e perpetuidade das Organizações. Mas isto não basta estar escrito em belos quadros emoldurados. É preciso estar incorporado na mente e no coração de cada um, o que é facilitado pelas lideranças autênticas conscientes.

Este movimento que exige significativo esforço para o alinhamento, em que os interesses da Instituição sobrepõe-se aos interesses individuais, é altamente gratificante, contribuindo para a longevidade empresarial. 

Isto exige esforço continuado, com maior intensidade nas Empresas Familiares, onde nem todos os integrantes, principalmente os descendentes, caminham para o mesmo rumo e alguns não abrem mão de seus interesses pessoais, gerando desentendimentos e conflitos desagregadores. Portanto, não só os membros fundadores, mas também dos das gerações descendentes precisam ser trabalhados se a longevidade e perpetuidade empresarial for valorizada. 

É uma tarefa difícil, mas possível e compensadora.
________   

(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão. 

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Até quando Brasil?

Assistimos diariamente noticias de comprometimento da saúde da economia brasileira.

Isso está em toda a mídia, vários são os especialistas que se manifestam sobre o assunto.

Para citar alguns fatos destacamos:

 - Dificuldade na balança comercial; - Acentuada dificuldade do nosso governo em gerenciar a busca de um superávit primário;

 - Juros nas alturas;

 - Inflação em forte tendência em se manter no teto da meta;
 - A evolução da economia medida pelo PIB é extremamente reduzida frente as nossas necessidades, sendo que a própria pesquisa Focus (do BC) desta semana cortou a previsão do PIB brasileiro pela 11ª vez. Pela pesquisa, a mediana das estimativas passou de 0,86% para 0,81%, sendo que as estimativas para 2015 também recuou, de 1,50% para 1,20%;

 - Fortes limitações para continuar procurando a evolução da economia com base no consumo;

 - Fortes indicativos que logo estaremos assistindo a evolução dos preços administrados;

 - Mesmo estando em fase final a definição legal do “Simples Nacional” sistema que se propõe a simplificar o sistema tributário continuamos a conviver com uma burocracia para o empreendedor que é simplesmente maluca, compromete totalmente a competitividade de nossas empresas.

Mesmo assim o sistema de arrecadação continua em velocidade tanto e assim, que a Folha de São Paulo na sua edição de 12/08 informa que os contribuintes já destinaram R$ 1 trilhão aos cofres dos governos federal, estaduais e municipais em 2014. Essa marca foi registrada no dia 12/08 (terça-feira) última, por volta das 11 h, pelo impostômetro, painel eletrônico da Associação Comercial de São Paulo.

 O aumento da carga tributária no país faz com que esse valor seja atingido cada ano mais cedo. A notícia afirma ainda que em 2013, a marca foi atingida em 27 de agosto, portanto, 15 dias mais tarde.

Além dessa forte taxação os diversos segmentos da economia brasileira enfrentam cotidianamente uma série de empecilhos para exercer suas atividades.

São entraves de toda ordem, como extensa burocracia, licenciamentos a perder de vista, regulação conflitante entre as diversas esferas públicas, insegurança jurídica, legislação draconiana, entre outros pontos. O resultado de toda essa delicada situação é que nossas empresas ficam extremamente comprometidas em competitividade tanto no mercado interno como âmbito global.

Infelizmente o que assistimos com esse quadro é que muitas empresas tem sua saúde econômico-financeira comprometida em alguns casos levando-as ao fechamento de suas portas.

Mesmo considerando esse cenário admirarmos o brasileiro que continua mostrando forte aptidão e disposição para empreender.

E, como é sabido o meio empresarial é uma enorme força de promoção de desenvolvimento econômico e social.

É dele que vem uma grande contribuição na geração de empregos, riquezas e arrecadação de impostos.

Mas parece que no Brasil esse segmento no momento não deve ser considerado importante tanto são os fatores que complicam e terminam prejudicando a prosperidade e por consequência o poder de competição das nossas empresas. Isso tudo sem falar que o setor entrando em uma fase de dificuldade todo o esforço de ocupação e/ou geração de empregos acabam sendo prejudicados.

Até quando Brasil, vamos manter esse forte equivoco que acaba prejudicando toda a nossa sociedade.

Porto Alegre, 13 de agosto de 2014.

José Luiz Amaral Machado Economista Diretor da Gerencial Auditoria e Consultoria – Porto Alegre (RS) www.gerencialconsultoria.com.br

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Competitividade um projeto de Nação.


Acompanhamos nos últimos dias na mídia a notícia de que o nosso País enfrenta dificuldades em termos de competitividade do sistema empresarial.

Com base em pesquisa elaborada pelo International Institute for Managemant Devolopment (IMD), escola de negócios com sede na Suíça e dados coletados no Brasil a cargo da Fundação Dom Cabral, instituição privada de ensino dedicada à área de negócios podemos mencionar algumas observações importantes.

Infelizmente nosso País ficou em 54º lugar entre 60 analisados em 2014. Em relação à pesquisa feita no ano passado, o Brasil recuou três posições.

Neste ano a queda está diretamente relacionada a fatores ligados à economia brasileira, como aumento dos custos provocados pela inflação e baixa inserção do país no comércio exterior, fator que tem feito às empresas brasileiras perderem participação no mercado internacional em meio à concorrência com os importados.

No levantamento ainda é destacado o complexo sistema tributário no Brasil, a legislação trabalhista, altas taxas de juros a infraestrutura defasada como fatores que fazem nosso País perder competitividade internacional.

Mas um aspecto é destacado de forma interessante.  Apesar da classificação ruim, o Brasil registrou posições elevadas em alguns aspectos relacionados à economia interna.

Ficou em sexto lugar no ranking de emprego e em sétimo no consumo das famílias e atração de investimentos estrangeiros diretos (que aplicaram na produção e geraram emprego).

Naturalmente temos um árduo caminho pela frente, mas ao nosso entender nem tudo está perdido.  Basta ter coragem, trabalhar duro e com coragem para por em pratica politicas e gestão pública voltada para um projeto efetivo de Nação.

José Luiz Amaral Machado
Economista da Gerencial Auditoria e Consultoria – Porto Alegre (RS).

segunda-feira, 26 de maio de 2014

Os ingredientes importantes ao desenvolvimento do ambiente empreendedor.


Já abordamos em texto anterior aspectos importantes sobre ingredientes que contribuem para o desenvolvimento das pequenas e médias empresas.

Na ocasião destacamos que na maioria dos casos essas empresas não conseguem manter equipes profissionais próprias por uma questão de custo.  Dai surge como alternativa a figura da assessoria ou consultoria como um bom ponto de apoio e alternativa para que essas empresas implantem projetos de desenvolvimento e aumento de competitividade.

No entanto, durante algumas participações em projetos de assessoria, consultoria ou mesmo auditoria junto a pequenas e médias empresas, ao longo do tempo, temos observado uma constante questão que aparece nesses processos.

Trata-se da dificuldade de cultura organizacional e preparo profissional dos empreendedores alcançarem um nível mais avançado no processo de gestão.

O empreendedor em muitos casos tem uma tendência de se mostrar imediatista evidenciando às vezes uma intolerância com o tempo que demanda a maturação de alguns projetos, não entende que por vezes o que parece “custo” ou “necessidade de investimento e tempo” vai naturalmente acabar amadurecendo e florescendo em resultados para sua empresa.

Sem essas condições por parte do empreendedor não conseguimos proporcionar à sua empresa saúde e as condições de melhoria para o desenvolvimento.

Quando falamos em desenvolvimento aqui queremos nos referir a uma condição em que a empresa desfrute de um ambiente saudável e que sua gestão, alcance boa condição de poder competir e apresentar resultados atrativos aos seus sócios.  E mais um aspecto que julgamos muito importante, que os gestores possam ter as melhores condições de concentração no “foco” do negócio sem ter de dividir sua atenção com tarefas burocráticas ou secundárias e, com isso aproveitar da melhor forma as oportunidades do negócio.

Não é raro nos depararmos durante um processo de evolução de um projeto de desenvolvimento em gestão que o empresário apresente um comportamento ou uma postura imediatista em relação a resultados.  Mas é natural que mudanças demandem algum tempo de maturação, até porque tratamos com pessoas.

Isso é resultado muitas vezes da dificuldade de entender o processo.

Não adianta, se o empreendedor quer avançar em desenvolvimento de sua organização terá de dispor da consciência de que vai ter de intensificar a dedicação em planejamento, estudo, análise e conhecer com profundidade seu negócio.

Não vai de maneira alguma poder abrir mão do uso intenso da tecnologia aqui compreendendo “programas e equipamentos” para obter:

·         Ganho de tempo;
·         Qualidade das informações;
·         Segurança e agilidade na tomada de decisões.

A adoção de um estilo gerencial do empreendedor bem dedicado, estudioso dos assuntos da empresa e do seu segmento, utilizando instrumentos modernos sem dúvida levará a empresa a aumentar sua saúde econômico-financeira, aumentar sua competitividade e ainda como bônus chamar a atenção de potenciais investidores.

José Luiz Amaral Machado
Economista – Gerencial Auditoria e Consultoria – Porto Alegre (RS)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

Em nossa observação o cenário continua tenso.


Incrível o esforço que o governo esta fazendo para segurar a reação da inflação ou não deixar aparecer o descontrole que escondemos.

Ao examinar a imprensa hoje observamos dois bons exemplos dessa atitude. 
Uma foi a “decisão tomada ontem em adiar o aumento da carga tributária das bebidas frias (cervejas e refrigerantes)” – Folha de São Paulo, edição de 14/5/2014.

A outra “é a noticia de que o governo decidiu segurar os preços dos combustíveis e energia pra evitar os naturais impactos nos índices gerais da inflação” – Folha de São Paulo, edição de 14/5/2014.

A pergunta que cabe é até quando vão fazer isso?  Até as eleições?

Até quando vamos viver essas manobras, para quem sabe chegar às eleições com um cenário “de vitrina” “arrumadinha”?

Mas enquanto rola a “Copa” a observação de boa camada do povo está direcionada para a competição e não deve acentuar as pressões.

Depois, bom depois será outro conversa. Já ocorreram as eleições quem ganhou é que deve ver como gerenciar essa nossa preocupante realidade.
Mas por enquanto vamos assistido uma série grave de problemas, para onde se olha identificamos deficiências.

Onde tem gestão dos nossos governantes temos dificuldades. A sociedade luta dia a dia para superar a falta de eficiência dos serviços públicos.

Assistimos nas entrevistas sempre as mesmas ou novas desculpas, enquanto isso passa o tempo, morrem brasileiros, outros são humilhados, outros são assassinados, outros ficam sem transporte e assim por diante.

Mas está tudo bem, teremos a copa.

Porto Alegre, 14 maio de 2014.
Econ. José Luiz Amaral Machado

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Um desabafo desculpe-me é uma data importante, mas não deu para segurar!

Ao ler hoje os jornais me deparo com uma notícia que sinceramente me deixou desconfortável.

Difícil de acreditar, mas lá vai a bomba.

O “superporto uruguaio” deverá ser construído a 288 quilômetros do terminal no nosso porto de Rio Grande (RS).

E, pasmem vai se repetir a história que ocorreu em Cuba.

O empreendimento uruguaio deverá receber apoio do Brasil repetindo o financiamento em torno de um bilhão de dólares claro via BNDES, o qual usa recursos públicos, ou seja, do Tesouro e, portanto, com nossos impostos.

Essa noticia tem origem no Jornal o Globo e vejo hoje também no nosso Correio do Povo (RS).

Como argumentações a favor dessa iniciativa aparecem a “maior oferta de frequências marítimas, fretes mais baratos, tempo de deslocamento menor e possibilidade de alcance do mercado asiático pelo Estreito de Magalhães, em condições de concorrência com o Canal do Panamá”.

O empreendimento deverá ser construído em Rocha, a 288 quilômetros de Rio Grande, onde está o mais importante porto do Rio Grande do Sul.

O projeto uruguaio é ousado: calado (profundidade) de 20 metros, que permitirá a atracação de navios com capacidade para até 180 mil toneladas. Já os portos do Sul do Brasil têm, no máximo, 14 metros de calado e recebem navios com até 78 mil toneladas.

Segundo o jornal Correio do Povo, o governo uruguaio publicou na Internet estimativa sobre o novo porto. Em 2025, deve estar movimentando 87,5 milhões de toneladas, mais do que a soma dos terminais de Paranaguá (com 44,7 milhões de toneladas em 2013) e Rio Grande (com 33,2 milhões de toneladas).

E, naturalmente é esperado que uma empreiteira brasileira faça as obras em Rocha.  É o mesmo modelo adotado pelo BNDES para financiar o porto cubano em Mariel, reformado pela Odebrecht.

É incrível.

Todos nós sabemos principalmente o ambiente empreendedor desse País que temos internamente enormes necessidades de investimentos em infraestrutura, quer para apoiar a produção, em saúde, em educação em segurança, etc.

E, que as condições de operação de uma empresa no Brasil chegam a ser uma guerra. É tanta burocracia, tanta norma tributaria e legal, tanta exigência com a legislação trabalhista e ambiental que chegamos a concluir que nossos empreendedores são heróis.

As nossas carências de avanço em infraestrutura e o pesadíssimo custo Brasil deixa empreendimentos brasileiros com seu poder de competitividade muito afetado.

E no Brasil hoje já é sabido e urgente pensarmos em aumentar nossa capacidade de produção tanto para dispormos de poder de competitividade como, também, para podermos enfrentar de forma mais adequada nossa pressão inflacionária, pois a demanda interna está ai.

Nesse sentido o que estamos assistindo tomando como exemplo a notícia acima é que não se percebe nenhum esforço no sentido de estimular ou apoiar nosso ambiente empreendedor para dilatar sua capacidade de maior oferta ao nosso mercado consumidor.

Vemos isso sim, é o nosso País canalizando recursos (hoje extremamente carentes frente as nossas necessidades) para financiar obras em outros países que até serão nossos concorrentes e assim pressionando ainda mais o ambiente de produção interna.

Até quando?

Até quando vamos conviver tendo que destinar cerca de 2600 horas por ano de nossas empresas para atender as tarefas tributárias e legais exigidas?

Até quando vamos assistir a falta de iniciativa de políticas de melhorias em nossa infraestrutura?  Pois isso faz com que o Brasil seja, em termos de transporte de produção, um dos países que mais têm desperdícios aumentando nosso custo da produção?

Até quando continuaremos assistindo a falta de atenção à educação, pois só com ela um país é capaz de almejar avanços significativos em todos os campos de uma sociedade?

Assistimos noticias e mais noticias de que a área pública esta fazendo e acontecendo. Um exemplo é o que assistimos na área de relacionamento das empresas com a “Receita Federal” estamos cantando a quatro ventos a escrituração digital e, portanto, transmitindo “on line” todas as operações.

Assistimos a notícia sobre “Redesim” que são todos os procedimentos de registros e legalização de empresas de forma também “on line” e “de forma integrada de todos os órgãos” envolvidos nesse processo.

Reuniões e mais reuniões, notícias, manchetes e assim por diante.

Assistimos matérias que apresentam ameaça aos coitados dos profissionais da contabilidade, ou se preparam e investem fortunas em TI ou estarão fora da exigência “legal e fiscal” do Brasil, ou deveria ser das empresas?

E sem querer ser critico.  Há uns dias abro o jornal aqui em Porto Alegre (RS) e vejo uma notícia a qual chega a ser cômica considerando o que comentamos acima.

A mesma dava conta de um motorista de caminhão que faz frete na rota entre Pelotas (RS) e Bagé (RS) e na maior parte do trecho não tem acesso à comunicação via celular!  Apareceu na reportagem uma foto do motorista, coitado, encima da cabine do caminhão a procura do sinal do celular.  E nos falamos em tecnologia de 1º mundo para cobrar impostos e encargos das empresas?

Mas onde estamos?

Será que quando pensam nesses projetos de alta tecnologia os autores chegam a ir ao interior do Brasil para ver como está a infraestrutura das comunicações e internet? Será que transitam pelas estradas que servem para escoar nossa produção?

Só pode ser brincadeira! Esse País não esta focado nas reais necessidades da nossa sociedade.

Infelizmente.

Porto Alegre, 21 de abril de 2014.

Econ. José Luiz Amaral Machado - www.gerencialconsultoria.com.br

segunda-feira, 10 de março de 2014

Continuam fatos e evidências que nos preocupam!


Nas leituras de final de semana encontro matérias que podem ser consideradas um verdadeiro retrato do nosso momento atual.

E, observe que os autores são outros brasileiros ilustres.

Vamos de forma inicial destacando a análise feita pela nossa famosa escritora Lya Luft (Veja de 12/03/14).

Ela vem abordando a nossa “nova” classe média.

E destaca o dado publicado em nossas estatística nacionais onde foi classificado classe média quem ganha de quem ganha de R$ 320,01 a R$ 1.120,00.  E, destaca que nem ela que é uma eximia ficcionista há tantas décadas, conseguiria inventar.

E continua seu texto excelente destacando que quem ganha R$ 320,00 é praticamente miserável e precisa ser socorrido urgentemente em todos os programas, benefícios, bondades e bônus que o governo possa conceder.

Concordo com a Lya Luft.  Mas afinal nosso salario mínimo não é R$ 724,00?

Que invenção é essa?  Será para aparecer lá fora e dizer que no Brasil a miséria foi erradicada que a classe média foi extremamente ampliada?

E, mais coloca com propriedade a Lya:

Se a Lei define como salário mínimo R$ 724,00 como assim considerar renda de R$ 320,00? Por que será permitido infringir a Lei?

Continua destacando a nossa escritora que esses fatos são facilitados pelo Carnaval, ela Copa que já fortemente combatida nas ruas e que ninguém entendeu direito o que vai ser, o que pode ser, se vai aparecer com pesada maquiagem ou será de verdade a alegria do povo.


Continuando, destaca com propriedade a Lya Luft e eu concordo plenamente: “Eu quero toda a alegria para o povo, toda a comida, todos os remédios, todos os bancos escolares, todo o trabalho decente, tudo”.

“Não desejo um pagamento mensal de R$ 320,00”.

E por fim destaca o que concordo plenamente que para uma pessoa com razoável nível de informação não tem como aceitar essa realidade.

É duro ter de aceitar isso como brasileiro!

E, continuando a assistir relatos sobre nosso Brasil, observe o que nos conta “Lobão” (Veja 12/03/14), artista.

Conta ele que no mês que quando retorna de um Show em Belo Horizonte (MG) quando se deu conta que havia perdido sua carteira com todos os documentos.

Estava se deslocando para o aeroporto, pois embarcaria em pouco tempo para São Paulo.

Nesse momento foi alertado que procurasse a delegacia de policia no aeroporto e registrasse um “BO” e assim poderia embarcar.

Além de encontrar o aeroporto transformado em um verdadeiro canteiro de obras, um verdadeiro desconforto chegou a lembrar que o aeroporto de Goiânia (GO) utilizou uma barraca do exército como sala de embarque.  Logo questionou – como estarão as arenas para a Copa?

Continuando a sua narrativa, sabe o que ocorreu na delegacia de polícia do aeroporto de Minas?

O delegado não queria atende-lo, pois ele não estava conseguindo provar que ele era mesmo ele.

Pode isso?

E, por fim na coluna do J.R. Guzzo (Veja de 12/3/14) nos dá um banho de bola comentando o fato de que o STF recentemente condenou três estrelas do mensalão e agora por seis votos a cinco não mais estão condenados, como assim?  Que julgamento e material jurídico é esse que foi utilizado antes e agora?

E por ai adiante.  Observem como nos estamos no Brasil.

É simplesmente uma vergonha!

Assistimos todos os dias “manipulação” de notícias e de realidade, falta de preparo da nossa máquina pública simplesmente em atender bem o contribuinte, assistimos extremamente preocupados a nossa limitação em infraestrutura e o comportamento da nossa corte máxima de justiça.

O mau trato e descaso com o povo.

E, para coroar a situação ontem a noite a rede globo mostrou uma matéria que ilustra o estado caótico das escolas públicas no norte e nordeste do nosso país. Ali foi evidenciada a realidade com a qual estamos tratando o nosso futuro que é representado pelas “crianças”!

A final será que acreditamos em Papai Noel?

Estou seriamente inclinado a achar que o povo brasileiro “sim”.

Porto Alegre, 10 de março de 2014.
José Luiz Amaral Machado
Economista – Porto Alegre (RS)

sexta-feira, 7 de março de 2014

Refletindo o cenário atual do Brasil e as repercussões nas empresas e sociedade.


Sim, continuamos sem muita atividade textual. Em alguns momentos, chegamos a nos sentir até meio tontos ao observar o que vem acontecendo em nosso Brasil.

Temos, é verdade, nos espantado com os últimos acontecimentos em nosso país.

Confessamos que, como empresários, ficamos extremamente preocupados.
Pelo andar da carruagem, não sabemos se teremos, pelo menos, em um tempo médio, um cenário mais tranquilo e positivo para nossos negócios.

São tantos os acontecimentos no mínimo assustadores que, ao acompanhá-los, acabamos muitas vezes em conflito conosco mesmos sobre a possibilidade de alcançar ou mantermos empreendimentos maduros, saudáveis e com perspectivas de desenvolvimento.

Vamos tentar lembrar alguns desses fatos:

- Inflação continua resistente.

- O governo apresenta fortes indícios de dificuldade em melhorar a gestão de gastos.

- A elevação dos juros como fator desestimulante do consumo retorna ao cenário nacional; chegou agora, na última posição adotada pelo BC, a 10,75% a.a.

- Crescimento do PIB em 2013 aquém do que necessitamos.

- Observação de significativo endividamento das famílias.

- Possibilidade de observar, como consequência dos pontos acima, uma retração no consumo.

- Nossas empresas, considerando os pontos acima e mais a carga tributária e a ausência de estímulos, enfrentam dificuldades para investir em busca de aumento da produtividade.

-- Com isso, assistimos preocupados à ausência de condições objetivas para que nossas empresas ganhem competitividade.

Infelizmente, mesmo que o Brasil mostre, entre seus jovens, um enorme potencial empreendedor, o país não está propiciando um ambiente para que o setor produtivo se expanda no nível que nossa sociedade merece, o que é lamentável, pois é somente desse setor que realmente conseguimos transferir benefícios reais para a sociedade e para a nação.

Continuamos assistindo à ênfase em programas assistências, sem necessidade de mostrar reação das camadas sociais beneficiadas, até porque nós (país) não estamos proporcionando tais condições.

É vergonhoso (gastos significativos e legados questionáveis) nosso desempenho em obras para o “evento Copa”, que, segundo alguns, seria a salvação da pátria.

Assistimos contrariados à ausência de investimentos em infraestrutura, por exemplo, estradas em rápida defasagem com relação à necessidade real da sociedade. Em saúde, então, nem se fala: mesmo com o apoio de planos privados, a sociedade não vem conseguindo ter suas necessidades atendidas por falta ou insuficiência de estrutura.

Assistimos à entusiástica participação de nosso governo em inaugurações de obras apoiadas financeiramente pelo nosso Banco de Desenvolvimento em Cuba, enquanto o Brasil necessita tanto de investimentos internos.

Infelizmente, o modelo baseado em consumo, pelas evidências mencionadas, chegou ao ponto de esgotamento.

E, pior, não estamos vendo objetivamente ações para alterarmos esse quadro. Ao contrário, estamos todos envolvidos 100% em assistir à vergonha que nos proporcionou ao STF em julgamento da última semana com relação aos mensaleiros.

Mas, agora, é carnaval, nosso povo está feliz.

Logo após, festejaremos a Páscoa – bom feriado.

Em seguida, estaremos envolvidos com o futebol da Copa, acompanharemos (os que puderem pagar pelos caríssimos ingressos) o maior espetáculo do brasileiro, “o futebol da seleção”.

Então, seremos forçados a assistir aos discursos políticos, normalmente uma troca de acusações e nada de projetos para o país.

E assim, estamos assistindo ao dia a dia no nosso Brasil.

Lamentável.

Ouvimos alguns comentários que destacam que tanto a Europa como os Estados Unidos também estão com sérios problemas. Sim, concordo.

Entretanto, devemos lembrar que, lá, em ambos os continentes, dois fatores básicos e primários, que não temos, os quais sinceramente acho um enorme agravante para o Brasil.

Tanto os países da comunidade europeia como os Estados Unidos dispõem de “educação, cultura e infraestrutura”.

E nós?

Sinceramente, nos vejo em um preocupante quadro.

Mas sejamos pacientes e nos esforcemos para manter o otimismo e a vontade natural de lutar e sermos criativos, como é natural do “empreendedor”. Embora a Receita Federal venha constantemente, nesse quadro, comemorando os recordes de arrecadação!

Vamos continuar, mesmo a despeito dessa agitada maré, a tocar nossos negócios; sem, entretanto, deixar sempre de nos envolver em ações que busquem alteração desse lamentável quadro, o qual testemunhamos em nosso Brasil.

Porto Alegre, março de 2014.
José Luiz Amaral Machado
Economista – Porto Alegre (RS).

machado@gerencialconsultoria.com.br