Tanto pela importância no sentido de alertar sobre aspectos que apoiam o bom desenvolvimento das empresas como pela nossa vivência como profissionais em consultoria junto a empresas tanto aqui do Rio Grande do Sul como fora do Estado.
Essa confusão e até digamos deficiência de conhecimento de conceitos concluímos que divulgá-lo novamente é extremamente válido.
Trata-se de matéria de autoria do nosso colega economista Humberto Dalsasso de Santa Catarina o qual é, também, consultor empresarial.
Assim, sob sua autorização divulgamos esse artigo o qual achamos um pérola.
"O desafio empresarial da longevidade".
Por Humberto Dalsasso (*)
Na normalidade, assim como o ser humano – que nasce,
cresce e morre, com idades diferenciadas, as empresas nascem e tendem a crescer
e a morrer, embora desejem e possam perpetuar-se. Portanto, há um Ciclo de Vida
Empresarial (CVE) até bem caracterizado.
Mas o fato de a maioria das empresas
morrer antes de dois anos de vida é determinístico? Não. Então, por que isto
ocorre?
Muitas são as razões.
Desde a falta de adequado
Planejamento do Negócio até a falta de aptidão para conduzir o empreendimento,
além de eventuais fatores externos determinísticos.
Não entrando aqui nos
detalhes da análise do Ciclo de Vida Empresarial como um todo, em que se
percebem as semelhanças e diferenças com o Ciclo de Vida Humano, vamos nos ater
a um aspecto importante da longevidade e
da perpetuidade empresarial:
A Institucionalização Organizacional.
Esta variável é o condimento/nutriente essencial para a
longevidade e até para a perpetuidade empresarial, com grande destaque para as
empresas familiares.
Embora pareça simples,
institucionalizar a organização é
uma tarefa que exige paciência, persistência, compreensão, sabedoria e
liderança.
É, portanto, uma missão complexa.
A Organização e a Instituição devem viver em harmonia e evolução
constante para atingir a perpetuidade. Para melhor entender a complementaridade
e as diferenças entre essas duas entidades parceiras, é indispensável entender
seus conceitos. Dentre os diversos, aqui
destacamos os apontados por Salznick.
ORGANIZAÇÃO –
Instrumento técnico e racional utilizado
para canalizar a energia humana e os recursos materiais na busca dos objetivos
pré-fixados, cuja sobrevivência depende exclusivamente de sua capacidade de
atingir os resultados e de adaptar-se às mudanças ambientais para evitar a
obsolescência técnica. É uma ferramenta e, como tal, gasta e acaba”(Salznick,
Philllip).
Portanto, em sua vida operacional, a empresa é uma Organização.
INSTITUIÇÃO –
“ É um organismo vivo, produto de necessidades e pressões sociais, valorizada
pelos seus membros e pelo ambiente, portadora de identidade própria, preocupada
não somente com os lucros ou resultados, mas com sua sobrevivência e
perenidade, e guiada por um claro sentido de MISSÃO”.
O termo Instituição é usado para definir padrões de
comportamento, práticas ou processos que se mantêm estáveis, válidos e
constantes em um determinado grupo social.
As instituições são organizações que incorporam normas, valores e
princípios considerados valiosos para seus membros e para a sociedade.
Assim, as Instituições vão além das organizações
instrumentais.
Resumindo, comparativamente, a “Organização é um
sistema socio-técnico destinado a otimizar meios para realizar objetivos”,
enquanto a “Instituição é um sistema organizacional de padrões sociais
relevantes, observados pela sociedade”. Simplificando, a Organização é o Corpo
e a Mente e a Instituição o Espírito ou a Alma. São entes distintos mas, quando
evoluídos, são integrados.
Pragmatizando, enquanto a Organização se preocupa com a
estrutura, o processo, os programas, objetivos e metas, a Instituição se
preocupa com os Condicionantes Estruturais(Crenças, Valores e Princípios) e com os relacionamentos, com Missão,
Responsabilidade e Ética claramente definidas, inseminados, alinhados e aceitos
pelas pessoas(internas e externas) que integram a Organização, inclusive
clientes.
Assim, além dos aspectos operacionais, Visão, Missão, Objetivos,
Metas, Crenças, Valores e Princípios são elementos indispensáveis para a
longevidade e perpetuidade das Organizações. Mas isto não basta estar escrito
em belos quadros emoldurados. É preciso estar incorporado na mente e no coração
de cada um, o que é facilitado pelas lideranças autênticas conscientes.
Este movimento que exige significativo esforço para o
alinhamento, em que os interesses da Instituição sobrepõe-se aos interesses
individuais, é altamente gratificante, contribuindo para a longevidade
empresarial.
Isto exige esforço continuado, com maior intensidade nas Empresas
Familiares, onde nem todos os integrantes, principalmente os descendentes,
caminham para o mesmo rumo e alguns não abrem mão de seus interesses pessoais,
gerando desentendimentos e conflitos desagregadores. Portanto, não só os
membros fundadores, mas também dos das gerações descendentes precisam ser
trabalhados se a longevidade e perpetuidade empresarial for valorizada.
É uma
tarefa difícil, mas possível e compensadora.
________
(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão.
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