quinta-feira, 14 de agosto de 2014

"O desafio empresarial da longevidade"

O presente material trata de um tema que mesmo tendo sido abordado em setembro de 2012 consideramos extremamente atual.

Tanto pela importância no sentido de alertar sobre aspectos que apoiam o bom desenvolvimento das empresas como pela nossa vivência como profissionais em consultoria junto a empresas tanto aqui do Rio Grande do Sul como fora do Estado.

Essa confusão e até digamos deficiência de conhecimento de conceitos concluímos que divulgá-lo novamente é extremamente válido.

Trata-se de matéria de autoria do nosso colega economista Humberto Dalsasso de Santa Catarina o qual é, também, consultor empresarial.

Assim, sob sua autorização divulgamos esse artigo o qual achamos um pérola.

"O desafio empresarial da longevidade".

Por Humberto Dalsasso (*)

Na normalidade, assim como o ser humano – que nasce, cresce e morre, com idades diferenciadas, as empresas nascem e tendem a crescer e a morrer, embora desejem e possam perpetuar-se. Portanto, há um Ciclo de Vida Empresarial (CVE) até bem caracterizado. 

Mas o fato de a maioria das empresas morrer antes de dois anos de vida é determinístico? Não. Então, por que isto ocorre?

Muitas são as razões.

Desde a falta de adequado Planejamento do Negócio até a falta de aptidão para conduzir o empreendimento, além de eventuais fatores externos determinísticos.

Não entrando aqui nos detalhes da análise do Ciclo de Vida Empresarial como um todo, em que se percebem as semelhanças e diferenças com o Ciclo de Vida Humano, vamos nos ater a um aspecto importante da longevidade  e da perpetuidade empresarial:

A Institucionalização Organizacional.

Esta variável é o condimento/nutriente essencial para a longevidade e até para a perpetuidade empresarial, com grande destaque para as empresas familiares.

Embora pareça simples,  institucionalizar a  organização é uma tarefa que exige paciência, persistência, compreensão, sabedoria e liderança. 

É, portanto, uma missão complexa.  

A Organização e a Instituição devem viver em harmonia e evolução constante para atingir a perpetuidade. Para melhor entender a complementaridade e as diferenças entre essas duas entidades parceiras, é indispensável entender seus  conceitos. Dentre os diversos, aqui destacamos os  apontados por Salznick.

ORGANIZAÇÃO – Instrumento técnico e racional  utilizado para canalizar a energia humana e os recursos materiais na busca dos objetivos pré-fixados, cuja sobrevivência depende exclusivamente de sua capacidade de atingir os resultados e de adaptar-se às mudanças ambientais para evitar a obsolescência técnica. É uma ferramenta e, como tal, gasta e acaba”(Salznick, Philllip). 

Portanto, em sua vida operacional, a empresa é uma Organização.


INSTITUIÇÃO – “ É um organismo vivo, produto de necessidades e pressões sociais, valorizada pelos seus membros e pelo ambiente, portadora de identidade própria, preocupada não somente com os lucros ou resultados, mas com sua sobrevivência e perenidade, e guiada por um claro sentido de MISSÃO”.

O termo Instituição é usado para definir padrões de comportamento, práticas ou processos que se mantêm estáveis, válidos e constantes em um determinado grupo social.

As instituições são organizações que incorporam normas, valores e princípios considerados valiosos para seus membros e para a sociedade.

Assim, as Instituições vão além das organizações instrumentais.

Resumindo, comparativamente, a “Organização é um sistema socio-técnico destinado a otimizar meios para realizar objetivos”, enquanto a “Instituição é um sistema organizacional de padrões sociais relevantes, observados pela sociedade”. Simplificando, a Organização é o Corpo e a Mente e a Instituição o Espírito ou a Alma. São entes distintos mas, quando evoluídos, são integrados.

Pragmatizando, enquanto a Organização se preocupa com a estrutura, o processo, os programas, objetivos e metas, a Instituição se preocupa com os Condicionantes Estruturais(Crenças, Valores e  Princípios) e com os relacionamentos, com Missão, Responsabilidade e Ética claramente definidas, inseminados, alinhados e aceitos pelas pessoas(internas e externas) que integram a Organização, inclusive clientes.

Assim, além dos aspectos operacionais, Visão, Missão, Objetivos, Metas, Crenças, Valores e Princípios são elementos indispensáveis para a longevidade e perpetuidade das Organizações. Mas isto não basta estar escrito em belos quadros emoldurados. É preciso estar incorporado na mente e no coração de cada um, o que é facilitado pelas lideranças autênticas conscientes.

Este movimento que exige significativo esforço para o alinhamento, em que os interesses da Instituição sobrepõe-se aos interesses individuais, é altamente gratificante, contribuindo para a longevidade empresarial. 

Isto exige esforço continuado, com maior intensidade nas Empresas Familiares, onde nem todos os integrantes, principalmente os descendentes, caminham para o mesmo rumo e alguns não abrem mão de seus interesses pessoais, gerando desentendimentos e conflitos desagregadores. Portanto, não só os membros fundadores, mas também dos das gerações descendentes precisam ser trabalhados se a longevidade e perpetuidade empresarial for valorizada. 

É uma tarefa difícil, mas possível e compensadora.
________   

(*) Economista, Consultor Empresarial de Alta Gestão. 

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