domingo, 24 de agosto de 2014

Observações sobre o estado da nossa economia.

Observações sobre o estado da nossa economia.

Por José Luiz Amaral Machado (*)

Porto Alegre, 24 de agosto de 2014.

Temos assistido medidas do governo quase que desesperadas e ao mesmo tempo entendemos conflitantes entre elas para tentar empurrar uma reação em nossa economia.

Uma das posições do governo é insistir no estímulo ao consumo.

Na última semana o governo federal anunciou mais um pacote nesse sentido através da ampliação ao crédito. Aí foi incluída a liberação de recursos de depósitos compulsórios – dinheiro das instituições financeiras que fica retido compulsoriamente junto ao Central - passando por medidas para desburocratizar a concessão de financiamentos e até mudanças na legislação para facilitar a execução de garantias.

Esse é mais um conjunto de iniciativas do governo federal com o propósito de incentivar o brasileiro a ir às compras.

Essas iniciativas já se tornaram uma obsessão sempre na tentativa de estimular a ampliação da demanda.  Acontece que no momento atual é identificável que esse modelo já não está mais funcionando dado ao singelo crescimento econômico para esse ano, cujas estimativas apontam para um patamar inferior a 1%.

Sim é verdade que há uns anos a uma das forças de evolução da economia brasileira foi sim o consumo do mercado interno.

Entretanto, no momento assistimos o Banco Central agindo com a elevação da taxa de juros da nossa economia que saiu de 7,25% ao ano em março do ano passado, para os atuais 11%, e isso para combater a inflação a qual tem mostrado sinais de forte resistência.

Com a retomada de estímulos ao crédito o governo tenta atenuar o efeito forte da medida relativa aos juros adotada pelo Banco Central.

Ocorre que a desaceleração da tomada de crédito que esta em andamento não está associada à falta de recursos disponíveis para serem emprestados.

Existem fatores que são fortes influencias nesse sentido, por um lado os bancos estão mais cautelosos levando em conta o risco pela inadimplência.

E, por outro lado, os tomadores estão relutantes em contrair novos empréstimos, principalmente considerando as taxas de juros atuais e para isso leva em conta o atual grau de endividamento das famílias, o que já se aproxima de 50% da renda disponível.  Assim mais disponibilidade de recursos não irá contribuir para provocar uma reação positiva na economia.

Penso que seria importante o nosso governo pensar em outras linhas de ação para buscar uma evolução mais interessante e continuada da nossa economia e naturalmente com reflexos à nossa sociedade.

Entre essas ações levanto como pontos que poderiam ser considerados:

-- Estimular a nossa indústria na busca de produtividade;

-- Apoiar fortemente as ações de inovação e com isso estaríamos tanto apoiando nosso sistema de ensino e pesquisa dando impulso a produtividade do nosso setor industrial;

-- Deixar de fazermos promessas no sentido de atualizarmos nossa infraestrutura para efetivamente promovermos concretamente ações nesse sentido e de preferência com apoio de investidores;

-- Não esquecer que educação não se faz com promessas e sonhos vazios e sim com planejamento e atitudes objetivas e mais, são projetos de longo prazo e não devem ser alterados pelos governos de plantão;

-- Nossa carga tributária e a burocracia que pressiona com o risco de morte o nosso sistema empresarial têm de ser urgentemente atacada até para irmos ao encontro de ganhos de produtividade.

-- Sem querer estender mais, destacamos com urgente eliminar ações do tipo do Decreto 8243 proposto pelo Executivo, que sem dúvida atinge em cheio a confiança da nossa sociedade sem falar no meio empresarial tanto nacional como em possíveis parceiros internacionais. 

Mas como quer o governo que uma economia ande e evolua com tanta insegurança e atos inadequados de gestão?

(*) Economista da Gerencial Auditoria e Consultoria de Porto Alegre (RS)

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