29/10/2012
11h07 - Atualizado em 29/10/2012 11h23
por Alexandro
Martello
Do
G1, em Brasília
O
mercado financeiro prevê que a taxa básica de juros da economia brasileira, a
Selic, permaneça estável em 7,25% ao ano até outubro de 2013, quando deverá ser
elevada, de acordo com as estimativas da maior parte dos analistas dos bancos,
para 7,5% ao ano. A previsão consta na pesquisa Focus, conduzida pela
autoridade monetária, na última semana, com mais de 100 instituições
financeiras.
O
levantamento feito pelo Banco Central mostra forte reversão nas expectativas do
mercado financeiro nos últimos dias. Em 5 de outubro, menos de um mês atrás, a
previsão da maior parte dos analistas dos bancos era de que os juros básicos da
economia retomariam uma trajetória de crescimento a partir de janeiro do ano
que vem - quando subiriam para 7,5% ao ano.
saiba
mais
Mercado
eleva estimativa de inflação de 2012 pela 16ª semana seguida
Após
atingir piso histórico, juro bancário de pessoa física sobe
No
dia 11 de outubro, porém, os economistas revisaram suas projeções e passaram a
prever alta da taxa Selic em março de 2012. Já no dia 15 de outubro, o mercado
alterou novamente sua estimativa, com o início do ciclo de alta da taxa Selic
passando para agosto do ano que vem. Já no dia 18 de outubro, os economistas
dos bancos passaram a prever aumento dos juros somente em outubro de 2013
(previsão que ainda permanece), ou seja, somente daqui a um ano.
Crescimento
menor dos juros em 2013
Mesmo
ainda acreditando em elevação dos juros básicos da economia no ano que vem, a
intensidade do aumento também deverá ser menor, ainda segundo a previsão dos
analistas. Em 5 de outubro, o mercado previa uma elevação de 0,75 ponto
percentual, de 7,25% para 8% ao ano em 2013. Na semana passada, baixou a
estimativa para os juros no fim do ano para 7,75% ao ano - o que pressupõe um
crescimento menor na taxa básica da economia, de 0,5 ponto percentual, no
decorrer do ano que vem.
Recado
do BC e sistema de metas de inflação
A
mudança na percepção do mercado financeiro sobre o início do ciclo de alta dos
juros aconteceu após o BC ter baixado os juros para 7,25% ao ano neste mês,
quando parte do mercado acreditava em manutenção da taxa, e ter informado que
os juros deveriam permanecer estáveis por um "período suficientemente
prolongado" de tempo. A ata do Copom informou, em outubro, que o corte de
juros do início deste mês deveria ser o "último".
Pelo
sistema de metas que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para
atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços
ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012, 2013 e 2014, a meta central de inflação
é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima
ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta
seja formalmente descumprida.
Em
2011, o IPCA ficou em 6,50% - no teto do sistema de metas do governo
brasileiro. Para este ano, a previsão dos economistas é de que a inflação some
5,45%, novamente acima da meta central de 4,5%. O BC informou recentemente,
porém, que o crescimento da inflação neste ano está relacionado com a alta das
"commodities" (preços de produtos básicos com cotação internacional,
como minério de ferro, alimentos e petróleo, por exemplo) e que, por isso,
estaria buscando convergência da inflação para a meta "de forma não
linear" (em anos subsequentes, e não em 2012).
A
avaliação da maioria do Copom, para baixar os juros no começo deste mês, foi de
que ainda "restavam incertezas quanto à velocidade de recuperação da
atividade, em grande parte, decorrência das perspectivas de que o período de
fragilidade da economia global seja mais prolongado do que se antecipava, com
repercussões desinflacionárias sobre a economia doméstica". Com
crescimento menor do PIB, também há, teoricamente, menos pressões
inflacionárias.
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