sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Cálculo da inflação muda.

Educação e refeição fora de casa, dois itens que mais fizeram o IPCA subir em 2011, perdem peso

Entre outras modificações, o salmão passa a ser considerado pelo IBGE nos itens da cesta de alimentos

Crédito: paulo nunes / cp memória

Rio - As famílias brasileiras mudaram e com elas também vai mudar a fórmula de cálculo da inflação. A partir de fevereiro, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que informa a inflação oficial no país, passa a ser medido com base em nova estrutura de pesos, o que segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) vai refletir melhor as mudanças nos hábitos da sociedade. Produtos como o chuchu e serviços como o barbeiro, por exemplo, não serão mais levados em conta na hora de calcular a inflação do país. Por outro lado, o acesso à Internet quase triplicou seu peso no índice ao aumentar de 0,1104 para 0,3177 no novo levantamento. O salmão também passa a ser considerado na cesta de alimentos.

A principal mudança vem do grupo Educação, que ocupará menos espaço no índice, embora tenha registrado uma das maiores altas de serviços no IPCA em 2011:8,09% nas mensalidades de escolas, acima da inflação de 6,5% e a maior variação desde 2004. O grupo terá a sua participação reduzida de 7,21% para 4,37%. De acordo com Irene Machado, técnica do IBGE, a redução ocorre nos cursos regulares, nos ensinos Fundamental e Médio, mas não chega aos cursos técnicos. Eles mais que duplicaram o peso no índice de preços, observou a técnica.

"Apesar de a renda ter aumentado, as famílias decidiram tirar os filhos das escolas privadas em função dos preços e realocar a renda com serviços, automóveis e Internet", assinalou Irene. A alimentação fora de casa também perdeu peso. No entanto, no grupo que tem o almoço como item mais forte, a participação subiu de 4,65% para 4,8%. Já pequenos lanches, cafezinho e refrigerante perderam importância, puxando para baixo o item.

A economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências, considera que apesar de parecer contraditória, a redução do peso da alimentação fora de casa no IPCA se deve à ascensão da classe média nos últimos cinco anos. "Houve migração da classe D para a C e que acaba consumindo menos serviços, como a alimentação fora de casa. Isso faz o peso cair." A Tendências projeta alta de 5,45% no IPCA em 2012.


Fonte: Jornal > Economia Letra - ANO 117 Nº 104; PORTO ALEGRE, QUINTA-FEIRA, 12 DE JANEIRO DE 2012

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