sábado, 28 de janeiro de 2012

Espectativa de reduzindo juros segundo o BC

BC avisa que taxa de juro vai cair a um dígito
 
Ata da reunião do Copom mostra que riscos para estabilidade financeira global se mantêm elevados
 
 
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) afirmou, nesta quinta-feira - por meio da ata da reunião da semana passada em que a taxa básica de juros (Selic) foi cortada em 0,5 ponto percentual para 10,5% ao ano -, que os juros devem continuar a cair e chegar a um dígito. Essa era a grande dúvida dos economistas; até onde a instituição chegaria com os cortes iniciados em agosto do ano passado.

“A desaceleração da economia brasileira no segundo semestre do ano passado foi maior do que se antecipava e eventos recentes indicam postergação de uma solução definitiva para a crise financeira europeia, neste momento, o Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito”, diz o documento.

O Banco Central justifica que têm contribuído para isso a redução dos juros ao consumidor, o aumento de crédito externo e o seu menor custo para o Brasil (que, entre outras coisas, cumpriu a meta de inflação pelo oitavo ano consecutivo), a estabilidade macroeconômica e avanços institucionais. Além disso, o BC afirma que o processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais e pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e o PIB. E mesmo com possíveis mudanças pontuais por conta de turbulências, todos esses aspectos devem sem perenes.

O Copom avalia que o consumo do brasileiro segue forte, em grande parte devido ao crescimento da renda e do crédito. Esse ambiente tende a prevalecer neste e nos próximos trimestres por causa da redução dos juros feita desde agosto. Por outro lado, o Comitê pondera que o corte nos gastos públicos (anunciados no ano passado e esperados para este ano) colabore para a contenção da demanda no Brasil e, consequentemente, no controle da inflação. A substancial e persistente deterioração do cenário internacional também ajudará a manter o aumento de preços na meta prevista pelo governo de 4,5% com dois pontos de tolerância para cima ou para baixo.

“O cenário prospectivo para a inflação, desde sua última reunião, acumulou sinais favoráveis. O Comitê nota que, no cenário central com que trabalha, a taxa de inflação posiciona-se em torno da meta em 2012, e são decrescentes os riscos à concretização de um cenário em que a inflação convirja tempestivamente para o valor central da meta”, diz o documento. Para o Banco Central, apenas o fato de a inflação já estar em queda ajudará nas expectativas dos agentes econômicos que fixam os preços dos produtos.

A ata também avaliou que, desde novembro, os riscos para a estabilidade financeira global se mantiveram elevados e teve continuidade o processo de deterioração do cenário internacional. O Copom destacou que o cenário internacional manifesta viés desinflacionário no horizonte relevante. “Já naquela oportunidade (da divulgação de ata de novembro), se contemplavam reduções generalizadas e de grande magnitude nas projeções de crescimento para os principais blocos econômicos”, afirma o documento.

Na avaliação do Copom, permanecem elevadas as chances de que restrições às quais hoje estão expostas diversas economias maduras se prolonguem por um período de tempo maior do que o antecipado. Para o BC, “parece limitado” nessas economias o espaço para utilização de política monetária e prevalece um cenário de restrição fiscal. “Além disso, em importantes economias emergentes, apesar da resiliência da demanda doméstica, o ritmo de atividade tem sido moderado, em parte, consequência de ações de política e do enfraquecimento da demanda externa, via canal do comércio exterior”, diz o BC.

 
Jornal do Comércio - 27/01/2012 - Página: 9
 


 

 

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